COMUNICAÇÃO
E PERIFERIA
Equipe: Elane Teixeira, Franciele Silva e
Sinara Muriel.
O
conceito de periferia refere-se àquilo que rodeia um determinado centro, como
uma zona, um contorno ou um perímetro. São basicamente os arredores. Atualmente
ganhou um sentido perjorativo por estar associada à ao valor político e
socioeconômico vinculado ao termo, sendo assim, relaciona-se periferia à
pobreza, desprestígio e invisibilidade. Por isso, os grupos sociais que habitam
os espaços periféricos são tidos como “minoritários”. Por esse e outros
motivos, esses grupos pertencem aos grupos contra-hegemônicos que, muitas
vezes, são destituídos de seus direitos e passam a buscar alternativas para ganhar
que se reconheça os seus direitos de voz e representatividade em relação a
políticas públicas e visibilidade midiática.
Vemos
hoje no Brasil a presença da mídia hegemônica e concentrada, não há diversidade
regional. A “realidade” transmitida pelas principais emissoras geralmente é um
retrato do Sul e Sudeste e a via de regra para se apresentar as regiões Norte e
Nordeste é a estereotipação. Para haver democratização da mídia é necessário
que as diversas realidades sociais sejam apresentadas, as pessoas que as vivem
devem se sentir representadas. Mesmo numa dimensão menor, quando nos referimos
apenas a métropoles e capitais brasileiras, a periferia ainda é relegada a um
papel de espetacularização, só aparece na mídia a violência que ocorre ou então
o que se considera “exótico” e isso também é uma forma de invisibilizar. Dentro
desse contexto qual seria o espaço para a Comunicação Periférica e que papel
ela desempenha? Por meio das mídias alternativas como o rádio e a internet,
pessoas dessas regiões invisibilizadas conseguem produzir conteúdo e emitir sua
realidade da forma como eles vivenciam e não da forma como a grande mídia
sempre a retrata. Como o caso do jovem, morador do Bairro de Sussuarana na
cidade de Salvador, chamado Enderson que, junto com mais dois amigos, resolveu
mostrar o que as grandes mídias não mostram e não acham interessante. Apresentando
roteiros não convencionais de visita na comunidade, longe de qualquer roteiro
turístico da capital baiana, buscou retratar os pontos positivos bem como o cotidiano
do bairro, por exemplo, as crianças empinando pipa na rua. O principal objetivo
deles foi fugir de notícias mostradas nos cadernos policiais, telejornais e páginas
na internet que sobrevivem do sensacionalismo. A página no facebook chamada Midia Periférica
ganhou repercussão mundial pelo diferencial de ter atores sociais, indivíduos
que representam suas comunidades no contexto social em que estão inseridos (que
normalmente é de exclusão), relatando sua realidade e fortalecendo a comunidade que representam.
Enderson Araújo, criador do Mídia Periférica, quer
mostrar que a comunidade onde mora é também lugar de beleza e cultura (Foto:
Divulgação)
Além
dele, muitos outros jovens estão buscando espaço na sociedade e através da internet
estão levando sua cultura e sua arte para vários lugares do mundo. É valido
ressaltar que esses são apenas alguns exemplos de como na periferia existem
pessoas procurando por oportunidades e espaço para demonstrar que mesmo na
ausência de apoio estrutural, do governo ou das grandes mídias, são engajados e
desejam ser agentes de mudança tanto do retrato de sua própria realidade como a
do Brasil. Mas esse é só o começo de uma luta para que a democratização da
mídia aconteça. É preciso que o governo e as grandes cadeias midiáticas façam
sua parte para visibilizar tais revoluções que começam online, mas que tem potencial para se tornar algo muito maior.